Ao longo de uma semana, estudantes de escolas públicas participaram, na Universidade de São Paulo (USP), de uma imersão em inglês voltada às áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática, também conhecidas pela sigla em inglês STEM.
Vale destacar que o STEM & English Immersion é um projeto-piloto da embaixada e do consulado dos Estados Unidos no Brasil com o Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico (LSI-TEC) da USP, com apoio da Escola Politécnica (Poli) da universidade.
Desse modo, os jovens tiveram a oportunidade de melhorar as habilidades com mentores e especialistas da embaixada norte-americana. Os participantes selecionados para viver a experiência são estudantes com projetos premiados na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), de diversos estados do Brasil, como Pernambuco, Santa Catarina e Rio Grande do Norte.
Os professores de ciências e inglês e orientadores também estiveram presentes na imersão, que ocorreu entre 2 e 6 de setembro, no campus Cidade Universitária da USP, na capital paulista.
Metodologia
As atividades práticas abordaram as habilidades em metodologia investigativa, empreendedorismo e inovação e comunicação científica, tudo integrado à melhoria na proficiência em língua inglesa. No fim da imersão, eles apresentaram um pitch em inglês sobre seus projetos científicos.
“Não faz sentido trabalhar em campos divididos, como ciências e inglês. É mais importante trabalhar de maneira integrada porque é assim que o mundo funciona”, ressalta ao Jornal da USP a adida para Assuntos de Educação e Cultura da embaixada, Joëlle Uzarski. De acordo com a adida, os alunos melhoraram muito em pouco tempo e é provável que o programa seja repetido.
A professora Roseli de Deus Lopes, coordenadora da Febrace e pesquisadora do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Poli, reforça a importância do inglês na carreira científica. “A literatura internacional para trabalhar na área de ciência e tecnologia está escrita em inglês. Se os estudantes só utilizarem textos em língua portuguesa, ficarão em um universo muito restrito”, avalia ao Jornal da USP.
Além do STEM & English Immersion, também existe o programa STEM TechCamp, voltado ao desenvolvimento de professores que estimulam os jovens da educação básica.
Projeto
Ana Beatriz Maluf e Mércia Nascimento de Souza são estudantes do 9º ano da Escola Estadual Professora Leila Mara Avelino, da cidade de Sumaré. O projeto que levou as jovens até o programa é da área de Ciências Humanas. “Decidimos analisar se a mudança estética das meninas estava relacionada ao racismo, pois mesmo em uma escola com maioria de estudantes negros, as piadas envolvendo o cabelo crespo são recorrentes”, explica ao Jornal da USP a orientadora das alunas, a professora de História Eliana Cristo de Oliveira.
O projeto “Cabelo, autoestima e construção da identidade da menina negra no Ensino Fundamental II” começou com um pequeno questionário: quem já havia sofrido algum tipo de piada envolvendo os cabelos; quem já havia praticado e quem já havia presenciado.
Segundo a docente, ao tabular os dados, a questão do racismo dentro da escola ficou evidente. Os resultados geraram outras ações, como a criação do coletivo Naturalmente Cacheado. Os próximos passos são desenvolver questões ligadas à representatividade.
A estudante Ana Beatriz Maluf revela que se surpreendeu com a experiência. “São duas matérias que eu achava totalmente opostas. Depois da semana, vi que isso é diferente. Em todo o mundo, há pessoas falando inglês e praticando ciência. Então, juntar essas duas coisas foi fantástico”, afirma a aluna ao Jornal da USP.
“No início, eu estava me sentindo um peixinho fora d’água, mas quando comecei a entender as pessoas falando inglês, comecei a falar também. O inglês é muito importante na vida das pessoas, pois abre portas”, relata ao Jornal da USP a aluna Mércia Nascimento de Souza.