Quinta, 17 Outubro 2019 15:52
Moradores da comunidade Jesus Me Deu, no bairro Colônia Terra Nova, Zona Norte de Manaus, demostraram grande interesse em fazer parte do projeto MP Comunidade, do Núcleo Permanente de Autocomposição de Conflitos (NUPA-MPAM), que formará mediadores comunitários para atuar diretamente na solução de conflitos por meio da mediação. Em reunião ocorrida no dia 16/10, 21 representantes de vários segmentos da comunidade tiveram um primeiro contato com a equipe do NUPA e disponibilizaram duas possíveis sedes para o projeto na comunidade, além de alguns interessados em ser mediadores.”Hoje temos cinco Promotores de Justiça, três Defensores Públicos e seis Juízes para cada 100 mil habitantes no Município de Manaus. Depreende-se de que a Comunidade deve buscar solucionar seus conflitos, vez que são inerentes à relação humana. Já estamos perdendo para o tráfico de drogas, para a violência doméstica, para o abuso sexual contra crianças. As pessoas precisam redimensionar a maneira de estar no mundo e isso se aprende”, disse a coordenadora do NUPA , Promotora de Justiça Anabel Vitória Mendonça de Souza.A reunião foi feita no Centro Municipal de Ensino Infantil (CMEI) Maria Gracineide Chagas de Negreiros, dentro da comunidade, com participação de membros da sociedade civil organizada, de gestores públicos da área de Educação, Saúde, Assistência Social e Segurança. Todos tiveram oportunidade de se manifestar, falando da sua vivência na comunidade, respondendo pesquisa realizada pelo NUPA estruturada de maneira simples em um folder: Você sabe resolver conflitos na comunidade em que vive?”Era a solução que precisávamos! Na escola enfrentamos muitos conflitos que fogem da nossa competência, enquanto pedagoga e gestora. Podem ser conflitos pequenos, mas, se não resolvidos, trazem muita destruição. O projeto vem ao encontro do que precisávamos na comunidade”, comemorou a diretora do CMEI, Nilzeth Abreu.O titular do 18º Distrito integrado de Polícia, Delegado Ivo Martins, relatou que, no dia a dia de uma delegacia de polícia, a maioria das demandas recebidas não são da área criminal, mas sim social. Na opinião do Delegado, uma vez não atendidas, as demandas sociais se agravam e podem avançar para ações criminosas”. Para ele, a atuação do Ministério Público do Amazonas (MPAM) buscando a mediação nas comunidades vai contribuir muito para a segurança pública.”A mediação é muito mais valiosa e restaurativa do que qualquer conflito judicial. Se ninguém propõe e ninguém compõe, alguém vai ter que impor e a imposição, que é feita pelo juiz, é sempre mais dolorosa para uma das partes. Penso que esse trabalho envolvendo os comunitários vai ser de grande valia para diminuir as demandas que chegam às delegacias e à Justiça”, disse.
A comunidade em açãoA partir do encontro com o pessoal do Nupa, os comunitários foram orientados e se reunir para dar os próximos passos na implementação do MP Comunidade. Eles deverão escolher o local da sede do projeto e buscar, dentro da comunidade, meios para montar a sua estrutura, com a supervisão e orientação do Nupa. Na ocasião, foi apresentada ao grupo a profissional do núcleo que vai acompanhar continuamente o trabalho na comunidade, a Assistente Social Calesta Belém Queiroz de Araújo.Na implementação do projeto, caberá ao MPAM a orientação dos comunitários para a organização da estrutura do local, o treinamento, a capacitação continuada e a supervisão. Por seu lado, a comunidade deverá prover um local para o projeto, os mediadores comunitários voluntários, a organização do fluxo de demandas e a efetiva mediação.”Cada comunidade com sua dificuldade, a dificuldade é inerente, quem trabalha com projetos sabe o que é dificuldade. Todos teremos responsabilidades, o MP tem a sua e vocês, como comunidade, terão as de vocês”, disse a Promotora de Justiça.