20/08/19 14h11
Reformas geram clima interno favorável para vendas domésticas, que podem compensar queda nas exportações e sustentar a produção
Automotive Business
Apesar do cenário econômico externo adverso, as montadoras e a indústria de autopeças estão confiantes de que a produção brasileira de veículos encerrará 2019 em ascensão e, no mínimo, repetirá o desempenho no ano que vem, segundo Fabrício Biondo, 1º vice-presidente da Anfavea, e George Rugitsky, conselheiro de economia do Sindipeças, que participaram do Workshop Planejamento Automotivo, #ABPLAN 2020, realizado por Automotive Business na segunda-feira, 19, no WTC Events Center, em São Paulo.
A Anfavea projetou no início do ano crescimento da produção de 9% em 2019, o dobro dos 4% consolidados até julho. A manutenção do índice agora chama a atenção, já que o quadro econômico internacional tornou-se mais desfavorável nos últimos meses com o agravamento da crise na Argentina e, sobretudo, a intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
Biondo justifica a expectativa positiva do setor com o encaminhamento da reforma da Previdência e o início de discussão da reforma tributária. Segundo ele, fatores que geram um “otimismo moderado”. “Apesar dos problemas nas exportações, que devem recuar 28% no ano, por conta da queda de 50% do mercado argentino”, pondera o vice-presidente da Anfavea.
Rugitsky concorda e entende que, mesmo com a desaceleração da economia mundial, o Brasil estará mais bem preparado que boa parte dos países emergentes no curto prazo: “Temos bala na agulha. As reformas soltarão o freio de mão da economia e devemos ver uma reação até o fim do ano”, confia.
Esse cenário faz com que o dirigente do Sindipeças demonstre até convicção quanto à melhora da economia brasileira a partir de 2020, apesar do cenário externo instável.
“Não acredito que nosso crescimento esteja em risco, ele seria até maior se a economia mundial estivesse melhor”, diz Rugitsky.
As regras e exigências do Rota 2030 casadas com a recente assinatura do acordo comercial com a União Europeia são vistos por Biondo e Rugitsky como desafios que poderão resultar em uma grande oportunidade para a indústria automotiva brasileira.
O vice-presidente da Anfavea considera que há tempo para que o setor se prepare para o mercado aberto e conte com produtos e índices de competitividade que o coloquem muito próximo dos mercados mais desenvolvidos.
“Temos data marcada para sermos competitivos. Em 2030, se não estivermos em igual nível, estaremos muito próximos deles. As decisões sobre os investimentos para isso estão sendo tomadas agora, é bom lembrar”, conclui Biondo.