Milhares de manifestantes pró-democracia se reuniram hoje (3) em Mongkok, movimentado bairro comercial de Hong Kong com histórico de manifestações. Do outro lado da cidade, partidários do governo acenavam cartazes que diziam “Dê uma chance à paz”.
Desde as 16h (horário local; 5h de Brasília), cerca de 120 mil manifestantes, segundo os organizadores, se reuniram no bairro de Mongkok. Os ativistas ignoraram os limites impostos pela polícia e ultrapassaram o local definido para o fim da manifestação. Eles ergueram barricadas num popular shopping do bairro e bloquearam um túnel.
Após manifestantes terem ocupado uma delegacia no distrito de Tsim Sha Tsui, a polícia reagiu com granadas de gás lacrimogêneo. A corporação havia alertado os manifestantes contra o desvio da rota aprovada para a marcha pró-democracia.
Esta semana, autoridades em Hong Kong e Pequim sinalizaram uma postura de endurecimento, inclusive com a prisão de dezenas de manifestantes, e os militares chineses disseram estar prontos para intervir se a situação se tornar “intolerável”.
Os ativistas, entretanto, permaneceram inflexíveis, prometendo realizar várias manifestações e marchas durante todo o final de semana até a semana que vem, aumentando mais uma vez as tensões na região.
Inicialmente, a polícia negou autorização aos manifestantes para marchar pelos arredores de Mongkok. Muitas lojas e shoppings no popular bairro de compras permaneceram fechados.
Duas marchas também estão programadas para amanhã (4) – uma na ilha de Hong Kong e outra no distrito de Tseung Kwan O – além de uma greve na próxima segunda-feira (5) e manifestações em sete localidades.
Na noite desta sexta-feira (2), milhares de funcionários públicos reuniram-se num parque público para demonstrar solidariedade ao movimento, que cresceu e agora inclui exigências de eleições diretas e de investigação à supostos atos de brutalidade policial.
Entenda
As manifestações deste fim de semana são mais um capítulo dos protestos de rua iniciados em junho contra um polêmico projeto de lei que permitiria que habitantes de Hong Kong fossem extraditados e processados judicialmente na China continental.
Para os críticos, se aprovada, a lei intimidará e penalizará opositores e dissidentes do regime chinês. Já os defensores argumentam que ela visa preencher um vácuo, já que não existem fórmulas legais de extradição entre Taiwan, Hong Kong e a China continental.
A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respectivamente, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em questão.
Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, em nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o governo central chinês responsável pela política externa e de defesa.
Edição: Paula Laboissière