O Ministério das Relações Exteriores informou hoje (1) que acompanha “com grande atenção” os desdobramentos da crise política no Paraguai desencadeada após a divulgação da ata de um acordo entre o Brasil e o país vizinho, voltado para a compra de energia elétrica produzida pela Usina de Itaipu.
“O Brasil acompanha com grande atenção os acontecimentos no Paraguai que envolvem o processo de “juízo político” contra o presidente Mario Abdo Benítez”, diz o comunicado do Itamaraty.
O caso, que resultou na renúncia do chanceler Luis Castiglioni e do embaixador paraguaio no Brasil Hugo Caballero, aumentou a pressão sobre o presidente Mario Abdo Benítez, que corre o risco de sofrer um processo de impeachment.
“Ao reiterar total respeito ao processo constitucional do Paraguai, o Brasil confia em que o processo seja conduzido sem quebra da ordem democrática, em respeito aos compromissos assumidos pelo Paraguai no âmbito da cláusula democrática do Mercosul – Protocolo de Ushuaia”, afirma a nota do ministério.
A diplomacia brasileira disse esperar que a cooperação com Benítez possa prosseguir, “o que permitirá a plena implementação das iniciativas em curso e a consecução de novos avanços, inclusive no que tange à implementação, em benefício mútuo, dos compromissos dos dois países ao amparo do Tratado de Itaipu”.
“O desenvolvimento do Paraguai e sua participação ativa como valioso membro do Mercosul e da comunidade hemisférica é de enorme interesse para o Brasil, e o governo brasileiro está convencido de que o presidente Mario Abdo reúne todas as condições para continuar conduzindo esse projeto”, acrescenta o ministério.
Relacionamento
Segundo a pasta, o governo brasileiro destaca o “excelente nível” do relacionamento entre Brasil e Paraguai atingido entre os governos dos presidentes Mario Abdo e Jair Bolsonaro, “com iniciativas de grande impacto positivo para o Paraguai nas áreas econômica, de integração física e de segurança pública”.
“Essa elevação sem precedentes do relacionamento Brasil-Paraguai se deve, mais do que a qualquer outro fator, à excelente relação pessoal entre os presidentes Mario Abdo e Jair Bolsonaro, à coincidência de visões estratégicas e à determinação de ambos de agir em conjunto em benefício de seus povos”, destaca o ministério.
Ontem (31), o presidente Jair Bolsonaro foi questionado por jornalistas sobre a crise política no país vizinho. “Sabe como é que funciona, lá é muito rápido o impeachment. Ontem eu conversei com o Silva e Luna, o presidente da parte brasileira de Itaipu. Estamos resolvendo este assunto. Pode deixar que o Marito vai ser reconhecido pelo bom trabalho que está fazendo no Paraguai”, disse.
A polêmica envolvendo a ata do acordo, aprovada em maio, também causou as demissões do presidente da Administração Nacional de Eletricidade (Ande), Alcides Jiménez, e do diretor paraguaio de Itaipu, Alberto Alderete. As demissões foram anunciadas na última segunda-feira (29) pelo porta-voz da presidência do Paraguai, Hernán Hutteman, que disse terem sido aceitas pelo presidente Mario Abdo Benítez.
Pesou nas demissões a acusação de que a ata do acordo havia sido debatida e aprovada sem a devida transparência.
Autoridades e congressistas afirmaram que o acordo negociado seria prejudicial ao Paraguai e que poderia causar um prejuízo de até US$ 300 milhões.
Bolsonaro comenta acordo com o Paraguai
O presidente Jair Bolsonaro disse hoje (1º), em Brasília, que não vai interferir na política do Paraguai e que não quer prejudicar o país vizinho em relação ao tratado sobre compra de energia elétrica da Usina de Itaipu, que pertence aos dois países.
Para ele, os acordos passados foram prejudiciais ao Brasil. “O problema é que o PT [em governos anteriores] fez concessões absurdas no passado com dinheiro do povo brasileiro. E o acordo nosso foi bem feito agora. Não queremos prejudicar o Paraguai, mas os contratos você tem que cumprir”, disse, ao deixar o Palácio da Alvorada, na manhã de hoje.
Partidos de oposição do Paraguai anunciaram que apresentarão um pedido de impeachment contra o presidente Mario Abdo após a revelação da ata de um acordo entre o Brasil e o governo paraguaio, voltado para a compra de energia elétrica produzida pela Usina de Itaipu.
“O problema do Paraguai é que o impeachment se faz em 72 horas. A gente não vai interferir na política do Paraguai, me dou muito bem com Marito [Mari Abdo]”, disse, ressaltando que o país vizinho “está perfeitamente afinado conosco”.
Bolsonaro explicou que deu aval para que o acordo fosse denunciado e que o governo federal buscará uma solução para refazer o documento.
Matéria atualizada às 11h51 para acréscimo de informações