Indígenas
31 de Julho de 2019 às 19h20
Indígenas são recebidos por procuradores da República que apuram denúncias de invasão e morte na TI Wajãpi
Relatos serão incluídos nos dois procedimentos de investigação abertos no último sábado (27)
Membros do MPF recebem indígenas da TI Wajãpi que vieram acompanhados do senador Randolfe Rodrigues. (Foto: Ludimila Miranda – Ascom MPF)
Os procuradores da República Rodolfo Lopes e Joaquim Cabral, que conduzem as investigações iniciais acerca da morte do cacique Emyra Wajãpi e do relato de invasão da Terra Indígena (TI), receberam o vereador Jawaruwa Wajãpi (Rede) e o indígena Japu Wajãpi, na sede do Ministério Público Federal (MPF) no Amapá, nesta quarta-feira (31). No encontro, os índios declararam sua versão dos fatos. Os relatos serão juntados aos dois procedimentos abertos pelo MPF, no último sábado (27), para esclarecer as denúncias recebidas. O senador Randolfe Rodrigues (Rede) acompanhou o encontro.
Na reunião, os procuradores anunciaram que a exumação do corpo de Emyra Wajãpi ocorrerá na próxima sexta-feira (2). O corpo será trasladado no helicóptero do Grupo Tático Aéreo da Secretaria de Segurança Pública do Estado, da região de Pedra Branca do Amapari até Macapá. Em relação à morte do cacique, Jawaruwa explicou que foi a mulher de Emyra Wajãpi quem o encontrou morto. O vereador demonstrou preocupação com o fato de o corpo já ter sido tocado pela família. O procurador da República Rodolfo Lopes explicou que somente o técnico responsável poderá dar detalhes a respeito e ressaltou que o exame é fundamental para esclarecer a causa da morte.
“É importante que tenhamos claro que nós estamos juntos, nosso objetivo é comum e isso (autorização para exumação) só reforça que as lideranças indígenas estão trabalhando em conjunto com o Ministério Público Federal e com Polícia Federal para entender a dinâmica dos fatos”, enfatizou Rodolfo Lopes.
Na oportunidade, os indígenas reiteraram que houve invasão de um grupo de não-índios na aldeia Yvototõ. “Viram três invasores não-índios, que estavam lá sentados, conversando. Voltaram para avisar a comunidade na aldeia Yvototõ. Então, nesse momento, os guerreiros foram atrás dos invasores, seguiram pelo rastro, só que eles apareceram na aldeia onde não tinham homens, guerreiros wajãpi”, explicou Jawaruwa.
A informação de que a área foi invadida chegou às autoridades na noite de sexta-feira (26). Horas depois, o MPF adotou providências no sentido de assegurar a integridade física dos indígenas da região e apurar a morte do cacique. As denúncias levaram à TI Wajãpi grupos especializados das polícias Federal, Civil e Militar, no último sábado (27).
No domingo (28), 25 homens das forças policiais, acompanhados de lideranças indígenas, percorreram as áreas indicadas onde teria ocorrido a invasão e a morte de Emyra Wajãpi. Nas diligências, não foram encontrados quaisquer vestígios que pudessem caracterizar a presença de invasores no local. O relatório circunstanciado deve ser concluído pela PF até o fim desta semana.
Sobre a denúncia de que havia garimpeiros na área, o procurador da República Joaquim Cabral, que também atua em matérias ambientais, solicitou que sejam trazidas informações precisas sobre o assunto. O membro do MPF reforçou que as investigações continuam, mesmo após o retorno das forças policiais para Macapá.
Ao final da reunião, Rodolfo Lopes complementou que o MPF não vai medir esforços para elucidar os fatos. “Voltem para casa com a certeza de que o Ministério Público está investigando o que ocorreu na Terra Indígena Wajãpi”, enfatizou. Novas diligências não estão descartadas, inclusive com a presença do MPF.
“Ainda bem que nós temos o Ministério Público Federal no Amapá; são nossos parceiros, nossos amigos, nossos aliados”, manifestou Jawaruwa Wajãpi. O senador Randolfe Rodrigues orientou os indígenas a contar detalhadamente o que ocorreu na TI, e reforçou que o MPF é uma instituição dotada de credibilidade.
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