O Instituto Legislativo Brasileiro (ILB) promoveu na segunda-feira (16) o encontro “Agro + Infraestrutura: integração e desafios”. Abrindo o evento, o diretor-executivo, Márcio Coimbra, ressaltou que o Instituto tem procurado trazer para o Senado temas importantes para o Brasil.
— Como think tank da Casa Legislativa, temos essa responsabilidade de discutir e trazer para o debate grandes temas que permeiam o país — afirmou.
O diretor também frisou que a iniciativa para o evento foi do senador Marcos Rogério (DEM-RO), que sugeriu que a integração do agro com a infraestrutura é um dos temas mais importantes para se debater na atualidade. O senador trouxe dados para demonstrar que o agronegócio brasileiro tem enormes desafios a enfrentar e dar vazão à produção nacional crescente.
Ao destacar que o saldo positivo na balança comercial brasileira vem do agronegócio, o senador falou das projeções para os próximos dez anos que estimam que a área plantada com lavouras no país passará de 75, 4 milhões de hectares para 85 milhões, aproximadamente. No campo da pecuária, Marcos Rogério afirmou que o Brasil já tem o segundo maior rebanho bovino do mundo, com 215 milhões de cabeças.
— Isso demonstra que o setor vai muito bem da porteira para dentro. Mas as demandas na infraestrutura ainda são um desafio na hora de escoar essa produção, a chamada porteira para fora — alertou.
Segundo ele, o principal gargalo está em infraestrutura de transporte, tanto para a distribuição interna quanto para a exportação, comprovada com a escassez e a má conservação das rodovias, ferrovias, hidrovias e terminais portuários. O senador ressaltou as condições das rodovias brasileiras, que transportam 70% da produção brasileira. Do 1,7 milhão de quilômetros de estradas, apenas 13% está pavimentado, tornando a exportação brasileira quatro vezes mais cara que a exportação argentina, por exemplo.
— Se os problemas referentes ao escoamento do agronegócio brasileiro fossem solucionados, os produtores rurais teriam um aumento de 35% de ganho no seu negócio.
A falta de recursos disponíveis para investir em infraestrutura foi um dos pontos mais frisados pelos palestrantes. Marcelo Sampaio, secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, afirmou que a oferta de recursos públicos para infraestrutura é de menos de 2% do PIB.
O secretário apresentou as diretrizes de atuação do governo para tratar do problema, que passam pela ampliação de parcerias com o setor privado e a continuação de obras estratégicas, como corredores de exportação e eixos de integração nacional, e melhoria da mobilidade em áreas urbanas.
A fala foi corroborada por Érico Reis, diretor de Política e Planejamento Integrado do ministério. Ele explicou que as parcerias são uma maneira que o governo está encontrando para enfrentar a falta de recursos públicos para tocar obras.
O momento fiscal delicado, que faz com que seja um grande desafio para o setor de infraestrutura acompanhar o ritmo do desenvolvimento agroindustrial, também foi lembrado por Christian Schneider, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e pela consultora do Senado Liliane Galvão. Liliane destacou que a falta de investimentos na malha rodoviária pavimentada, restrita a obras de manutenção, poderá ter graves consequências para o cenário futuro.
Elisângela Lopes, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, apresentou os desafios a serem superados a fim de tornar mais competitivo o setor agropecuário brasileiro no mercado internacional. As respostas, segundo ela, passam pela redução dos custos de transporte com a integração de modais e o aumento da oferta portuária. Também apresentou as frentes em que Confederação tem atuado a fim de sanar as dificuldades de infraestrutura.
O debate foi transmitido ao vivo pelo e-Cidadania e pode ser revisto neste link.
Do ILB/Interlegis
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)