Últimas notíciasProdução de mel orgânico é resultado de quatro anos de pesquisa das Universidades Federais do Amazonas (Ufam), Santa Catarina e (UFSC) e do Oeste do Pará (Ufopa)
Por Márcia Grana
Equipe Ascom Ufam
Trabalho conjunto das Universidades Federais do Amazonas (Ufam), Santa Catarina e (UFSC) e do Oeste do Pará (Ufopa), a pesquisa sobre a produção de mel de abelhas sem ferrão (meliponas) por meliponicultores do Amazonas apresenta os primeiros resultados na melhoria da qualidade de vida das comunidades ribeirinhas incentivando a agricultura familiar nos municípios de Itacoatiara e Urucará, na região do Médio Amazonas.
A pesquisa científico-acadêmica é associada a quatro Projetos de Extensão (PACE), nove Iniciações Científicas (IC) e uma dissertação de Mestrado sob orientação do professor doutor Pierre André de Souza.
Ineditismo e compromisso social
Com atuação no Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (Icet), unidade acadêmica da UFAM no município de Itacoatiara, o coordenador da pesquisa no Amazonas, professor Pierre André, destaca tanto o ineditismo do trabalho quanto o compromisso das universidades públicas com as comunidades amazonenses. “É um trabalho inédito e completo realizado no Médio Amazonas envolvendo o estudo físico-químico, químico, biológico e melissopalinológico do mel de abelhas da região. É gratificante, como pesquisador e professor, dar esse retorno às comunidades rurais. Tudo começou com um projeto para o qual fui convidado pelo ICMBio de Itacoatiara em uma incursão de 10 dias pelo interior do Amazonas em 2014. Daí nasceu o primeiro projeto de extensão (PACE) que originou três outros PACEs já associados com nove iniciações científicas culminando em uma dissertação de mestrado”, ressaltou o pesquisador.
Incentivo à produção regional
Dona Maria do Socorro da Silva é líder da Comunidade São João do Araçá, no município de Itacoatiara. Em parceria com a Associação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Artesãos e Artesãs do Lago do Babaçu do Rio Arari (ASTA), a comunidade, em fase ainda inicial de produção, produz entre noventa e cem litros de mel (abelhas Jandaira e Jupará) nos meses dos períodos de coleta (época da chuva/inverno e da seca/verão). “Se antes o litro do mel era vendido a 60 reais agora vendemos a 100 reais, já com o rótulo na garrafa que tem as informações nutricionais por esse estudo da universidade. Mal coletamos o mel e a nossa produção já está quase toda vendida”, destacou dona Maria.
Ela comentou ainda sobre a importância da aproximação da Universidade das comunidades ribeirinhas e dos agricultores familiares para incentivar a produção regional de mel de abelha sem ferrão e de outros produtos que produzem lá. “A parceria com a Universidade é fundamental. Muitas vezes não sabemos valorizar nossos produtos por falta de conhecimento e a Universidade preenche essa lacuna. A produção de mel hoje é uma fonte de renda para mais de cinco famílias da nossa comunidade. Estamos estimulando que outras famílias criem mais abelhas sem ferrão por conta dessa pesquisa. Nossa associação completará 15 anos em 2020 e estamos muito felizes com os resultados de nossa parceria com as universidades federais. Esse é o primeiro trabalho que temos resultado e retorno direto para a comunidade e a nossa associação. É preciso que as Universidades se aproximem mais das comunidades rurais que são esquecidas”, declarou a líder comunitária.