Geral
5 de Setembro de 2019 às 21h25
Grande público acompanha primeiro dia do seminário Prevenção ao suicídio, à depressão e ao burnout
Atividades seguem nesta sexta-feira (6), no auditório da PRR4; íntegra das palestras será disponibilizada na TVMPF
Servidor do MPF guia prática de meditação no auditório da PRR4 para cerca de 120 pessoas
Com estatísticas, relatos de suas experiências clínicas e institucionais e reflexões originais, os psicólogos Edilson Pastore e Ana Paula Lourenço Schmidt e o psiquiatra Alexandro de Borja Gonçalves Guerra levaram ao público de cerca de 120 pessoas presentes ao primeiro dia do seminário Prevenção ao suicídio, à depressão e ao burnout, informações qualificadas sobre dois desafios de saúde pública no Brasil e no mundo: o suicídio e a depressão. Transmitido ao vivo pela TVMPF, o evento promovido pela Procuradoria Regional da República na 4ª Região (PRR4) alcançou servidores públicos das demais unidades do MPF no país e o público em geral, multiplicando o alcance da campanha nacional Setembro Amarelo, promovida desde 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A ABP esteve representada pelo psiquiatra Pedro Eugênio Mazzucchi Sant’ana Ferreira, que abriu o evento ao lado do procurador-chefe da PRR4, Carlos Augusto da Silva Cazarré.
A programação segue nesta sexta-feira (6), a partir das 14h, com o debate sobre o burnout, conhecido como síndrome de esgotamento profissional. Caberá ao psiquiatra Pedro Eugênio Mazzucchi Sant’ana Ferreira apresentar o conceito, a epidemiologia e as abordagens institucionais e individuais da síndrome. Já o psiquiatra Fernando Ribas Feijó revelará os resultados da Pesquisa de Saúde dos Trabalhadores do Judiciário Federal no RS – 2018/2019, promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União no Rio Grande do Sul (Sintrajufe/RS) em parceria com três universidades. Por fim, a psicóloga Michelli Moroni Rabuske, chefe da Seção de Acompanhamento e Avaliação da Secretaria de Serviços Integrados de Saúde do MPF, explicará o programa de Atenção à Saúde Mental no MPF e a atuação da Assessoria Psicossocial. A mediadora será a psicóloga Gabriela Celina de Oliveira Rangel (MPF/PRR4). Os vídeos relativos aos dois dias serão disponibilizados na TVMPF e no portal do MPF.
Abertura e palestras – A abertura do evento contou um exercício de meditação, guiado pelo servidor do MPF Walter Corrêa, e com as falas do procurador-chefe da PRR4, Carlos Augusto da Silva Cazarré, e o do psiquiatra Pedro Eugênio Mazzucchi Sant’ana Ferreira, representando a ABP. “Os temas abordados nos dois dias do evento são muito pertinentes, diante das perspectivas no serviço público federal: redução de recursos, aumento dos processos de automação, decréscimo progressivo no número de servidores e envelhecimento geral do quadro, tendo em vista o maior tempo necessário para a aposentadoria”, afirmou Cazarré. Por sua vez, o médico Pedro Eugênio destacou a correlação entre os temas do evento, apontando o estresse decorrente das condições de trabalho e, também, da violência prevalente na maioria das cidades brasileiras como um dos fatores que concorrem para a depressão, principal causa de suicídio entre adultos.
Iniciando as palestras, o psicólogo Edilson Pastore, coordenador do Departamento de Ensino e Pesquisa da Clínica Pinel, destacou que o suicídio é um fenômeno complexo, relacionado a fatores biológicos, psicológicos e sociais e, em cerca de 90% dos casos, há um transtorno psíquico associado, entre os quais os mais frequentes são a depressão, o transtorno de humor bipolar, o abuso de substâncias, a esquizofrenia e os transtornos de personalidade, em especial o borderline. Mencionando boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do RS, Pastore apontou que a maior ocorrência de tentativas se dá em mulheres, mas o maior índice de casos efetivos ocorrem em homens; que o maior número de óbitos por suicídio ocorre entre os 15 e os 29 anos de idade e, ainda, após os 60 anos. Entre os fatores sociais frequentemente encontrados, estão a solidão e a ausência de espiritualidade. “Pessoas com maior fragilidade psíquica e, por vezes, com propensão genética, especialmente a impulsividade, são mais suscetíveis ao ato”, explicou.
Abordando o suicídio e a depressão em crianças e adolescentes, a psicóloga Ana Paula Schmidt Lourenço, do Serviço Biomédico do Ministério Público do Rio Grande do Sul, destacou, entre os fatores desencadeantes destas condições no público jovem, o espelhamento no comportamento de ídolos e nas experiências com livros, filmes, séries televisivas e, especialmente na última década, as redes sociais. Segundo ela, crianças e adolescentes têm menor habilidade emocional para lidar com sentimentos negativos, o que torna importante observar comportamentos anormais, que podem indicar problemas psicológicos que requeiram atenção de profissionais de saúde. A psicóloga mencionou os esforços do MP/RS para alertar os pais sobre os cuidados necessários com uso da internet pelos filhos; desse trabalho, resultou, entre outros produtos, este vídeo e a campanha de prevenção ao compartilhamento de imagens íntimas de crianças e adolescentes, cuja segunda fase foi lançada na última quarta-feira (4).
Por videoconferência, o psiquiatra Alexandro de Borja Gonçalves Guerra, analista de Saúde/Psiquiatria lotado na Procuradoria da República do Estado da Bahia, chamou a atenção para algumas atitudes importantes em relação a pessoas com risco de depressão e suicídio. “Em primeiro lugar, é importante nos mantermos abertos para escutar e, mais que isso, prestar atenção ao que está sendo dito. Os relacionamentos podem ser determinantes para quem sofre destes males”, afirmou. Ele também considerou que quem está aberto a ouvir desabafos também pode contribuir na busca por ajuda profissional ou, mesmo, informando o risco à família. Outra orientação é desconsiderar ameaças de suicídio verbais: elas podem acabar se concretizando como forma de aviso ou punição a quem não escutava com seriedade. Por fim, o médico salientou a necessidade do acompanhamento e do cuidado com os sobreviventes, incluídos os familiares, amigos e colegas de trabalho. “A perda também é um processo que merece acompanhamento”, afirmou.
O evento foi finalizado após cerca de uma hora de respostas dos palestrantes às treze perguntas da plateia enviadas por escrito, distribuídas pelo mediador, o médico Roberto Fiolic Alvarez, analista de Saúde do MPF/PRR4.
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