O novo boletim elaborado pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) divulgado nesta quinta-feira (12/09) informa a confirmação de mais seis casos de Doença de Chagas Aguda de Transmissão Oral, procedentes da comunidade rural do município de Barreirinha.
Com isso, passa para 16 o número de casos de pacientes confirmados da mesma comunidade. Um caso segue em investigação. Uma equipe composta por cinco técnicos da FVS, das áreas de vigilância ambiental, sanitária, epidemiológica, diagnóstico laboratorial, e também dois médicos infectologista da Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), segue no município realizando as ações de contenção ao surto.
Os novos seis casos confirmados pela equipe que está em Barreirinha foram encaminhados para Manaus. Na capital do Estado, eles serão acompanhados pela equipe médica da FMT-HVD, coordenada pelo infectologista da instituição, Jorge Guerra. Com base em relatos das pessoas diagnosticadas, a principal linha de investigação de contaminação é o consumo de suco de patauá.
A diretora-presidente da FVS, Rosemary Costa Pinto, explica que a equipe que está in loco está realizando o inquérito epidemiológico de 51 pessoas que foram expostas à contaminação. “Os resultados preliminares apontam que, desse grupo, 16 foram confirmados. Outros 35 foram negativos na gota espessa (exame usado para detectar o protozoário), ainda assim o soro e amostras para o diagnóstico molecular foram enviados para o Laboratório de Saúde Pública (Lacen)”, salientou.
Rosemary disse ainda que a equipe está realizando busca ativa de casos assintomáticos e realizando exames em todas as pessoas que consumiram de patauá na região. “A informação apontava para um único fornecedor. Com a apuração dos epidemiologistas da FVS, foram identificados dois fornecedores. Por tanto, como protocolo durante o surto, a recomendação é realizar os exames em todos aqueles que tiveram histórico de consumo de patauá”, informou.
Situação epidemiológica – Este é o segundo surto de Doenças de Chagas Aguda no Amazonas neste ano. O primeiro foi em junho, no município de Uarini, no qual a fonte de contaminação foi por ingestão de açaí. O surto foi encerrado com 15 casos confirmados da doença, todos os pacientes foram oportunamente tratados.
DCA – A Doença de Chagas Aguda de Transmissão Oral é uma doença infecciosa grave, causada por um protozoário conhecido por Trypanosoma cruzi, que é transmitido pela ingestão de alimento contaminado com os parasitas presentes nas fezes dos insetos vetores, chamados de barbeiros.
A FVS-AM alerta para os riscos de contaminação de alimentos por parasita Trypanossoma cruzi, principal causador da doença, principalmente os alimentos manipulados de forma inadequada e mal conservada. No Amazonas, a principal forma de transmissão da doença se dá por meio de ingestão de suco de açaí contaminado.
Sintomas – Os doentes podem apresentar um quadro de febre constante, inicialmente elevada, diarreia, vômito, dores de cabeça e musculares. Casos complicados podem evoluir com manifestações cardíacas, além do comprometimento do fígado e baço.
O diagnóstico precoce e o tratamento imediato previnem as formas crônicas da doença e a ocorrência de óbitos. A FVS-AM realiza de forma sistemática o treinamento dos microscopistas da malária para que também realizem o diagnóstico oportuno para Chagas.
A principal forma de prevenção é evitar que o inseto forme colônia nas frestas de telhado e parede. Além disso, no caso de consumir produtos in natura, é necessário conhecer bem a procedência. O tratamento da doença é disponibilizado em todas as unidades da rede pública de saúde.