14:23 – 15/10/2019
Aproximadamente 17,7% de todos os acidentes com animais peçonhentos no Amazonas são oriundos na população indígena. Para tratar do tema, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) e o Ministério da Saúde (MS) realizam, a partir dessa quarta-feira (16/10), treinamento para o Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos. Participam 120 profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros que atuam no Distrito Sanitário de Saúde Indígena (Dsei).
A capacitação acontece a partir das 8h30, no auditório do Instituto de Pesquisa Clínica, no 2º andar da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), e encerra-se na quinta-feira (17/10). Estão confirmadas as presenças da representante do Ministério da Saúde, Lúcia Monte Belo; do representante da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Jaime Henrique Valência; e do médico de referência da Universidade de São Paulo (USP), Francisco Siqueira Franca.
O treinamento faz parte, segundo a diretora-presidente da FVS-AM, Rosemary Costa Pinto, da preparação dos polos estratégicos para o atendimento de pacientes agredidos por animais peçonhentos, tendo em vista a recente implantação da rede de frios por energia solar.
“É preciso conhecer os fluxos de notificação dos pacientes, a prescrição e transcrição dos procedimentos, além do tratamento profilático seguindo os protocolos do Guia de Vigilância do Ministério da Saúde, que visa, sobretudo, aprimorar a vigilância e a diminuição de óbitos pelo agravo”, ressalta Rosemary.
Para o médico veterinário da Gerência de Zoonoses da FVS, Deugles Cardoso, após o treinamento, a FVS deverá constatar as estrutura dos citados polos que, juntamente com o Ministério da Saúde, autorizarão a dispensação dos soros antivenenos. “Durante a segunda etapa, classificada como validação das redes de frios dos polos, é de fundamental importância, a constatação adequada do sistema de refrigeração para conservação de todo os imunobiológicos”, destaca Cardoso.
Acidentes por peçonhentos – O diretor técnico da FVS-AM, Cristiano Fernandes, explica que, na região amazônica, as características ambientais, a diversidade de espécies nativas e a dinâmica relacionada à subida do nível das águas dos rios com as cheias das bacias hidrográficas favorecem o risco de exposição e acidentes por animais peçonhentos.
“Com o aumento das águas, os animais são desalojados dos abrigos naturais e buscam refúgios próximos ou mesmo nas residências. Com esta proximidade com as habitações, aumenta o risco de acidentes, pois muitos animais se abrigam nos quintais, dentro das casas, entre as roupas, sapatos, mantimentos e por aí vai”, alertou Fernandes.
O número de acidentes com animais peçonhentos chegou a 2.389, no período de janeiro a setembro de 2019, no Amazonas. Quando comparado com o mesmo período do ano passado, o dado apresenta aumento de 4%. Foram 2.283 casos entre janeiro e setembro de 2018.
Os registros incluem casos envolvendo serpentes (cobras), aranhas, arraias, escorpiões, lagartas e abelhas.
População indígena – As notificações por acidentes com animais peçonhentos na população indígena chegaram a 422 casos, até setembro deste ano. Quando comparado ao mesmo período de 2018 foram registrados 452 casos, o que representa uma redução de 6%.
Dentre os acidentes mais frequentes destacam-se, esse ano, os causados por serpentes (cobras surucucu e jararaca), com 335 casos; escorpião, com 34 casos; e outros, incluindo as arraias, somando 19 casos.
Programação – Entre assuntos a serem abordados durante a capacitação constam: “Situação Epidemiológica dos Acidentes por Animais peçonhentos no Brasil: A importância da notificação dos Acidentes no Sinan”, “Atenção à saúde dos povos indígenas no Brasil, com foco para o Estado do Amazonas”, “Imunização Redes de Frios”, “Identificação e Biologias das Serpentes de importância em Saúde no Estado do Amazonas”, “Diagnóstico e Tratamento por acidentes aracnídeos, escorpiões e aranhas e outros animais peçonhentos de importância em saúde”, entre outros.
Referência – A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas é o órgão do Governo responsável por manter a gestão da vigilância em acidentes por animais peçonhentos incluindo capacitações, envio de insumos, assessoria técnica e treinamento em serviço.
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