Obras do artista theco Alphonse Mucha, criador de um estilo que eternizou a Belle Époque e pioneiro da arte publicitária, estão em exposição a partir de hoje (18), no Centro Cultural Fiesp, na Avenida Paulista, em São Paulo. A exposição é gratuita e vai até o dia 15 de dezembro.
A mostra Alphonse Mucha: o legado da Art Nouveau já passou pela Ásia, Estados Unidos e Europa, e chega agora a São Paulo com a maior coletânea do artista já exibida no país. A mostra foi dividida em quatro ambientes, com mais de 100 obras do artista, cedidas pela Fundação Mucha. A exposição tem curadoria de Tomoko Sato.
A primeira seção, Mulheres: Ícones e Musas, apresenta a trajetória do artista no campo publicitário com seus cartazes, que chamavam a atenção pelo preciosismo dedicado a cada traço e pela aura quase divina concedida à imagem da mulher. Entre essas obras estão pôsteres dos memoráveis espetáculos de Sarah Bernhardt, noTeatro Renaissance, anúncios de marcas de cerveja, cigarros, lança-perfumes, e outras dezenas de artigos igualmente referendados pelo toque de Mucha – como caixas de biscoito, embalagens de perfume e capas de livro.
“Mucha queria usar a arte para mostrar o belo. Ele acreditava que a beleza deixava as pessoas mais felizes e que, ao potencializar a sua difusão por meio da publicidade, contribuía para construir uma sociedade melhor”, disse Tomoko Sato, curadora da mostra.
A exposição mostra a relação de Mucha com a atriz Sarah Bernhardt. Em 1894, Sarah estava à procura de um ilustrador para divulgar o seu novo espetáculo, Gismonda, e encontrou Mucha. A mostra apresenta obras marcantes dessa parceria, além de cartazes para as peças de Sarah e artigos confeccionados pelo artista e que compunham o figurino da atriz.
“Sarah, que, além de atriz, foi escultora, encontrou em Mucha alguém que compartilhava os mesmos ideais artísticos. Ela tinha uma ideia particular de como os artistas deveriam se apresentar no palco, e Mucha conseguiu capturar esse espírito. Com isso, passou a não apenas produzir os seus pôsteres, como se tornou o diretor artístico de suas peças”, disse Sato.
A exposição apresenta ainda os núcleos O Estilo Mucha – Uma Linguagem Visual e Beleza – O Poder da Inspiração, que revelam um pouco das mensagens ocultas em sua obra. Criado em uma nação que lutava pela independência – na época, a República Tcheca vivia sob o domínio do Império Austro-Húngaro –, o artista, desde jovem, cultivou o desejo da libertação do povo eslavo.
Seus desenhos apresentam elementos dessa cultura, tais como os figurinos e artigos decorativos do folclore eslavo, formas geométricas, curvas e adereços. Nesse espaço será apresentada, por meio de uma instalação digital, a sua obra mais conhecida, Mucha: a Epopeia Eslava, uma série de 20 quadros gigantes. Aqui também se apresenta o estilo Art Nouveau, nome que hoje remete a obras que romperam com o padrão decorativo clássico e do qual Mucha virou seu grande representante.
O núcleo final da mostra traz o Legado do Estilo Mucha, reunindo nomes representativos que sofreram a influência do artista.
O artista
Mucha nasceu em Ivancice, atual República Tcheca, em 1860. Pioneiro na arte publicitária, consagrou na Paris da Belle Époque um estilo marcado pela sutileza e pelo perfeccionismo que se tornaria símbolo da era de ouro da cultura francesa. Passados 80 anos de sua morte, o artista continua a influenciar a arte no mundo todo e mantém sua herança viva em ilustrações contemporâneas, como observada no universo dos HQs e dos Mangás.
Edição: Fernando Fraga