O juízo do 3º Tribunal do Juri condenou o ex-policial militar Toni Angelo Souza de Aguiar a 80 anos de reclusão, em regime fechado, pelas mortes do cabo da PM Charles de Castilho e de Luciana Dias e pela tentativa de homicídio do soldado da PM André Luiz Teodulino, marido de Luciana.
Toni Angelo chefiou durante vários anos a milícia Liga da Justiça, uma das mais poderosas da zona oeste do Rio, que tinha como símbolo um morcego. As famílias que pagavam segurança da milícia tinham nas casas um adesivo com a figura de um morcego no muro da casa, o que indicava proteção do grupo paramilitar.
De acordo com a denúncia do Ministério Público estadual, na madrugada do dia 16 de maio de 2011, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio, o grupo criminoso liderado por Toni Angelo realizou mais de 50 disparos de arma de fogo contra um carro onde estavam as três vítimas. O crime teria sido cometido devido a uma disputa pelo monopólio da exploração de transporte alternativo na região.
“As circunstâncias do crime são absolutamente desfavoráveis, em contexto de guerra de milícia, grupo paramilitar que busca se sobrepor à ordem do Estado, assumindo funções exclusivas de Poder, causando terror em virtude das mortes violentas típicas de organização criminosa terrorista, em vias públicas, com elevada audácia criminosa e com inequívoco poder bélico”, escreveu a juíza Tula Correa de Mello na sentença.
Liderança
Toni Angelo foi transferido há seis anos para o presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, a pedido da extinta Secretaria de Segurança Pública do Rio. No início do governo de Wilson Witzel, a secretaria foi desmembrada em duas secretarias: da Polícia Civil e da Polícia Militar.
A sentença foi proferida por videoconferência para evitar gastos e um forte aparato policial com a transferência do preso para assistir ao julgamento no Rio.
O miliciano assumiu a liderança da Liga da Justiça após a prisão dos irmãos, o deputado estadual Natalino Guimarães e o o vereador pelo Rio, Jerominho Guimarães. Outra baixa na milícia foi a prisão do ex-policial militar, Ricardo Teixeira Cruz, o Batman, genro de Jerominho, que cumpre pena em presídio federal.
Edição: Fábio Massalli