Nesta segunda-feira (12), a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) sediou o Diálogo sobre Apoio à Pesquisa para Inovação na Pequena Empresa, em São Paulo. O encontro reuniu 74 interessados em submeter propostas ao Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
O evento representou uma oportunidade de esclarecer dúvidas sobre as normas que conduzem a iniciativa. Vale destacar que a reunião integra de uma série de encontros para apresentar o programa para empreendedores.
Na ocasião, também ocorreu o lançamento da exposição “Pesquisa é desenvolvimento”, que homenageia a produção científica e tecnológica dos pesquisadores paulistas e está aberta à visitação no hall da Abimaq até 30 de agosto.
“A Abimaq tem dado muita ênfase à difusão da inovação tecnológica. Nos últimos anos, tem sido muito grande a velocidade com que a tecnologia vem sendo empregada em nossos produtos. Mas há um gargalo relacionado à falta de estrutura”, ressaltou o presidente da entidade, José Velloso, à Agência Fapesp.
De acordo com o presidente da Abimaq, apesar do gargalo, é preciso investir em tecnologia para que a indústria entre na “onda da digitalização”. “Daí a importância da Fapesp e de outros órgãos financiadores. A inovação tecnológica é fundamental”, completou.
Propostas
O Pipe apoia a execução de pesquisa científica e tecnológica em pequenas empresas, com até 250 empregados, sediadas no Estado de São Paulo. As propostas podem ser desenvolvidas em duas etapas: a Fase 1, de demonstração da viabilidade tecnológica do produto ou processo, com duração máxima de 9 meses e recursos de até R$ 200 mil; e a Fase 2, de desenvolvimento do produto ou processo inovador, com duração máxima de 24 meses e recursos de até R$ 1 milhão.
A Fase 3 do programa, voltada para o desenvolvimento e comercialização do produto, é financiada pela Fapesp em cooperação com a Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep).
O 4º ciclo de análise de 2019 do Pipe recebe propostas até 21 de outubro. Estão reservados até R$ 15 milhões para atendimento aos projetos selecionados. A chamada pode ser consultada pela internet.
Indústria 4.0
No evento, o diretor-executivo da Abimaq, João Alfredo Saraiva Delgado, abordou a importância das startups na implementação de soluções da indústria 4.0, assim como da agricultura de precisão e da internet das coisas.
Segundo a pesquisa “Indústria 4.0”, realizada no ano passado pela associação e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 97% das empresas têm interesse na indústria 4.0. Do total, quase 70% já estão fazendo a implementação, sendo que 24% afirmaram estar totalmente integradas e com investimentos concretos na área. A pesquisa foi realizada com 94 empresas de 16 setores industriais.
“No entanto, o estudo também mostra que a menor implementação está justamente nas pequenas e médias empresas. Assim, precisamos do Pipe e da Fapesp para difundir isso nas pequenas empresas”, salientou João Alfredo Saraiva Delgado à Agência Fapesp.
O evento também teve a apresentação de Jorge Gripp, diretor de Tecnologia da Autaza Tecnologia, empresa sediada em São José dos Campos, que obteve recursos para o financiamento de projeto de inspeção automática de qualidade de carrocerias automotivas.
Atualmente na Fase 3 do Pipe, a empresa ampliou o campo de atuação, atendendo também empresas do setor de vidro e aeronáutico. Outra expansão importante foi a recente abertura de um escritório nos Estados Unidos para atender clientes globais nos três setores.
Respostas
Na sessão de perguntas e respostas do evento, Douglas Eduardo Zampieri, coordenador-adjunto de Pesquisa para Inovação da Fapesp, explicou como deve ser formulado um projeto para o Pipe.
Uma dúvida recorrente da plateia estava relacionada à necessidade ou não de ter uma empresa constituída. “Na submissão, ainda não é necessário ter CNPJ. Cerca de 30% dos projetos aprovados, na realidade, são de empresas a serem constituídas. Quando o empreendedor receber a notícia de que sua proposta foi aprovada pelo Pipe, tem 60 dias para realizar os trâmites necessários”, explicou o coordenador-adjunto à Agência Fapesp.
A empresa deve estar sediada no Estado de São Paulo, onde também deve ocorrer a execução do projeto, uma vez que o financiamento é feito com recursos dos contribuintes paulistas. “O coordenador também deve morar no Estado, pois é exigida dedicação de 40 horas semanais à pesquisa. Já a contratação de consultores é livre”, acrescentou.
Douglas Eduardo Zampieri destacou que é possível submeter proposta diretamente para a Fase 2, desde que o projeto demonstre ter prova de conceito (normalmente finalizada na Fase 1) e um plano de negócios que informe o tamanho do mercado a ser atingido e projete, por exemplo, estimativas de venda nos três primeiros anos.
Também houve o questionamento se as propostas deveriam seguir algum tema ou área predefinidos. “Não existe área prioritária. Esporadicamente lançamos editais específicos, mas isso é explicitado. Na maioria das chamadas, a proposta pode estar vinculada a qualquer campo de pesquisa. Tende a estar muito ligada às necessidades do mercado”, explicou à Agência Fapesp Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da fundação.