Criminal e Combate à Corrupção
25 de Julho de 2019 às 18h10
E o Vento Levou 2: ex-governador de MG Fernando Pimentel é alvo de operação do MPF que investiga corrupção e lavagem de dinheiro
Justiça decretou a quebra do sigilo telefônico do ex-governador, do ex-deputado federal Gabriel Guimarães e de outras oito pessoas
Arte: Secom/PGR
A Justiça Federal decretou a quebra do sigilo telefônico do ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel e de outras nove pessoas. A medida foi tomada a pedido do Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Descarte, que investiga uma rede de empresas fantasmas utilizadas em esquemas de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e corrupção. A quinta fase da operação, intitulada “E o vento levou 2”, foi deflagrada nesta quinta-feira (25), com o cumprimento de oito mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Bahia e Minas Gerais.
A atual etapa das investigações visa elucidar a possível utilização de valores desviados da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para a prática de atos de corrupção ativa e passiva envolvendo Fernando Pimentel e o então deputado federal Gabriel Guimarães. Os pagamentos de propina teriam partido de Ricardo Delneri e Renato Amaral, sócios da Renova Energia, empresa capitalizada por um aporte de R$ 810 milhões feitos pela Cemig, em 2014. A análise das provas já obtidas, bem como a realização de acordos de colaboração premiada, demonstram indícios de que parte dos valores desviados foi utilizada pelos empresários para o pagamento de vantagem indevida solicitada pelos políticos em ao menos três ocasiões distintas.
O primeiro caso seria um repasse clandestino de R$ 2 milhões, entregue na capital mineira após as eleições estaduais. No início de 2015, Gabriel Guimarães também teria solicitado à Renova que “financiasse” um camarote no carnaval carioca, bem como transporte terrestre e hospedagem em hotel de luxo no Rio de Janeiro, para integrantes do governo de Fernando Pimentel, o que teria custado aproximadamente R$ 220 mil.
Por fim, em junho de 2015, o então deputado teria pedido um “auxílio” para despesas pessoais emergenciais. Para ocultar o pagamento da vantagem indevida, foram emitidas por outra empresa duas notas fiscais sem lastro para a Renova, nos valores de R$ 1,17 milhão e R$ 975 mil. O montante teria sido entregue em espécie para um intermediário de Gabriel Guimarães.
A ação desta quinta-feira é um desdobramento direto da fase mais recente da operação, batizada de “E o Vento Levou 1”, deflagrada em abril deste ano. Na ocasião, revelou-se que cerca de R$ 40 milhões foram desviados pela Renova por meio do superfaturamento de um contrato de energia eólica. O sobrepreço foi encoberto por seguidas transferências de valores para várias outras empresas, utilizando contratos fictícios, o que permitiu que os recursos obtidos ilegalmente fossem utilizados posteriormente para o pagamento de vantagens indevidas.
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