Atuando apenas em urgência e emergência, o Hospital Universitário Francisca Mendes precisa de R$ 6 milhões para funcionar em sua plenitude e salvar 614 pessoas cardiopatas que necessitam do procedimento cirúrgico. Entretanto, há dois meses, as cirurgias eletivas estão suspensas pela falta de investimento de recurso do Governo do Amazonas. Na última quinta-feira, (12), a gestão destinou R$ 12 milhões para realização de festas de fim de ano, enquanto 29 crianças já morreram em 2019 por falta da cirurgia cardíaca.
O caos instaurado no hospital Francisca Mendes foi constatado pelos deputados Dermilson Chagas (PP) e Wilker Barreto (Podemos), que estiveram juntamente com representantes do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam) na manhã da sexta-feira, (13), fiscalizando o local. Cabe lembrar, que os deputados tiveram que recorrer ao Ministério Público do Estado (MPE) para que fosse emitida uma recomendação à Secretaria de Estado de Saúde (Susam) autorizar os parlamentares de fiscalizar hospitais, pois, o Governo havia proibido desde a primeira semana de dezembro, dia 2, a entrada dos dois parlamentares em qualquer unidade de saúde do Amazonas.
Com o documento do MPE em mãos, Dermilson e Wilker foram recebidos por uma comissão de profissionais médicos que atuam no Francisca Mendes para uma reunião a portas fechadas. Logo após, foi constatado que a unidade não está realizando as cirurgias cardíacas, bem como exames complexos, devido a falta de manutenção dos aparelhos e a ausência de materiais para os procedimentos cirúrgicos. Não há raio-x, ultrassom, mamógrafo, ressonância, o aparelho de hemodinâmica está parado há um mês, e o tubo valvado só possui uma unidade, o que atende um paciente de cada vez.
De acordo com o Wilker, o Governo do Amazonas assume o risco de matar depois de repassar para o Francisca Mendes apenas R$ 1 milhão, quando a necessidade real do hospital para funcionar em 100% são de R$ 6 milhões. “O quadro do Francisca é de colapso total. Máquinas de hemodinâmica e angioplastia funcionando de forma capenga. E quando vejo o dinheiro do Amazonas, que deveria ser destinado para saúde, vai para outras finalidades, é exatamente aquilo que eu sustento: o governador Wilson Lima e seu vice Carlos Almeida estão assumindo o risco de matar por omissão de socorro”, disse.
Para Dermilson é triste saber que o governador repassou apenas R$ 1 milhão para um hospital que é referência em cirurgias cardíacas. Enquanto isso, na última quinta-feira, foi baixado um decreto de nº 41.619 remanejando R$ 12 milhões que seria direcionado para o setor primário do Amazonas para festas de final de ano. “A vida não é prioridade nesse Governo. Enquanto que o Wilson e Carlos Almeida gastam com festas de ano novo, mais de 400 cardiopatas entre crianças e adultos esperam há três anos na fila da morte por uma cirurgia. Pessoas estão morrendo’, questionou.
Além da situação grave do hospital, Dermilson ainda ressalta a falta de pagamento dos profissionais terceirizados que atuam na unidade. “Eles ainda não receberam os meses atrasados. Coisa que o governador afirmou que ia pagar e até hoje nada. Fora que a diretoria do hospital teve que diminuir o quadro de profissionais devido aos gastos que não conseguem suprir pela falta de verba”, salientou.
Com apenas metade das UTIs funcionando, a realidade preocupa a secretária geral do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), Patrícia Sicchar. “Hoje nós temos uma mortalidade alta das nossas crianças cardiopatas e adultos que estão na fila de espera, que é de três anos de fila de espera. Então, mais de 17% dessas crianças estão morrendo sem assistência, porque o Governo não coloca verba na prioridade que é a saúde. Hoje, o Francisca Mendes está agonizando, precisa de verba para se manter, para aumentar as UTIs, para aumentar as cirurgias, para retomar as cirurgias paradas, paralisadas. Só está funcionando a urgência e emergência, toda a eletiva paralisada”, frisou.
Wilker ainda ponderou que buscará soluções com Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e revelou que das 12 salas cirúrgicas da unidade, apenas quatro estão funcionando, sendo uma para cada duas cirurgias de crianças e duas salas para cada quatro adultos, o que delimita atendimento. “Vamos mediar reuniões, buscar meios legislativos para contribuir com orçamento e destinar recursos para saúde. Se o governo não cumpre com o seu papel, iremos cumprir com o nosso”, finalizou o parlamentar.
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