Encontro marcou 21 anos de atuação de Centro de Referência e Apoio
O Centro de Referência e Apoio à Vítima (Cravi), programa da Secretaria da Justiça e Cidadania, debateu, no final de julho, as intervenções em emergências, com ênfase na assistência às vítimas da tragédia na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (SP), ocorrida em março. O encontro ocorreu no Fórum Criminal da Barra Funda e encerrou o seminário, que marcou os 21 anos de funcionamento do Cravi.
“O Cravi é a solidariedade do vizinho, mas que vem do Estado; é o poder público atuando para reconduzir a vítima à rotina anterior provocada pelo ato violento, restaurando-lhe a dignidade”, acrescentou. “O Cravi é uma política pública, não um serviço público”, disse advogado Belisário dos Santos Junior, titular da Secretaria da Justiça em 1998,
Psicólogo do Cravi, Bruno Fedri descreveu o trabalho realizado pelo programa na Escola Raul Brasil, em Suzano, desde o dia da tragédia (13 de março) até 25 de julho. Nesses três meses, foram realizados 572 atendimentos individuais, em grupos, em rodas de conversas, e domiciliares para aquelas pessoas que não conseguiram à escola.
“A escuta sem julgamento foi essencial para os adolescentes se sentirem seguros e falar do ocorrido. Alguns eram amigos dos autores dos disparos e sofreram preconceito”, disse Bruno. “Com o ambiente acolhedor, os meninos falaram também de outras situações vivenciadas na escola e em casa, entre elas, alcoolismo, automutilação e bullying”, afirmou.
Como proposta de intervenção, o Cravi também criou um grupo com pais de alunos para discutir temas relacionados a acesso a direitos, cidadania e melhorias no ambiente escolar.
Já a psicóloga Cristina Nagai afirmou que o ocorrido em Suzano ressoou em diversas cidades, inclusive outros estados do Brasil, levando pais e alunos a se sentirem preocupados com a possibilidade de que o mesmo ocorresse em seus territórios.
O Cravi
O Cravi oferece atendimento público e gratuito a vítimas e familiares de crimes violentos. Desde o início das atividades, em 1988, já realizou mais de 39 mil atendimentos nas especialidades psicossocial e jurídica. De janeiro à junho de 2019 foram contabilizados 1.437 triagens, acolhimentos e atendimentos. O número é considerado um recorde para o período.