A Polícia Rodoviária Federal (PRF) homenageou hoje (31) a memória de seus agentes mortos em serviço. De acordo com a corporação, ao menos 200 policiais rodoviários foram assassinados desde, pelo menos, 1972.
Para lembrar estes profissionais, a PRF realizou uma cerimônia que contou com a presença de parentes de dez agentes assassinados enquanto cumpriam seu dever e dos ministros da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.
Além de oferecer aos familiares presentes uma placa em memória dos policiais rodoviários mortos, a PRF inaugurou um memorial no jardim do edifício-sede da corporação, em Brasília. Instalado em um ponto do jardim que pode ser visto do gabinete do diretor-geral, Adriano Marcos Furtado. De acordo com o diretor, o monumento em mármore e bronze servirá “como um símbolo para inspirar todas as decisões” do órgão.
Visivelmente emocionado, o diretor-geral disse que, embora lembre os momentos mais tristes e dolorosos, a construção reforça a importância da sociedade reconhecer e não se esquecer dos profissionais que “entregaram suas vidas em prol de um Brasil mais seguro”.
“Este momento é repleto de simbolismo. É um momento de homenagear, agradecer e pedir perdão aos parentes de cada um dos policiais mortos em nome de todos os policiais rodoviários federais e da sociedade”, acrescentou Furtado, defendendo a importância de outros órgãos de segurança pública homenagearem seus servidores.
Ao se dirigir aos presentes, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, lamentou que nada cure a dor da perda sentida pelos parentes. “Dizem que o tempo cura, mas a verdade é que o tempo não cura nada e estas famílias sabem exatamente o que estou falando. Agora, atos como este confortam e ajudam na cura”, comentou a ministra, classificando o ato como uma “justa e linda homenagem”.
Já o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, enfatizou que o governo federal tem priorizado a valorização desses profissionais e o fortalecimento das instituições, tais como a PRF, para a qual foram propostas gratificações e ampliação do número de vagas a serem preenchidas por meio de concurso. “Nada do que possamos falar ou construir pode honrar ou consagrar mais o nome destas pessoas do que suas próprias ações para proteger a população e seus companheiros. Evidente que a dor e a perda é muito difícil e nada pode compensar a perda de uma vida humana, mas, eles deram a vida por amor ao próximo, para construir um país melhor e uma instituição mais sólida.”
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Jorge Antonio de Oliveira, que atuou por 20 anos na Polícia Militar do Distrito Federal, destacou o desejo de ver as instituições e a sociedade reconhecerem seus policiais como “heróis do cotidiano”.
Um dos policiais rodoviários federais homenageados é Luiz de Gonzaga Pereira Santos, assassinado em 10 de maio de 2015, aos 63 anos de idade. Segundo sua esposa, Rosileide Fontes Pereira, a homenagem “reabre uma ferida”, mas também alegra por tratar-se de um gesto de gratidão e reconhecimento. “Hoje ele está muito, mas muito feliz, pois tenho certeza de que ele está vendo tudo isto”, disse a viúva à Agência Brasil.
A filha de Santos, Larissa Fontes Pereira, agradeceu a homenagem. “Durante 35 anos de profissão, o que ele mais queria era ser reconhecido. Por isso eu classifico este ato como um gesto de reconhecimento a tudo o que ele fez, a sua dedicação. Hoje, não há como não nos emocionarmos e transformarmos a saudade em orgulho pelo legado que ele deixou.” De acordo com Larissa, o policial trabalhava em um posto rodoviário na divisa entre Alagoas e Bahia foi baleado pelas costas enquanto atendia a uma ocorrência em um bar.
Além da homenagem aos policiais rodoviários mortos, a cerimônia serviu para marcar o início de uma série de atividades que marcam a proximidade do centenário da PRF, em 2028. Até lá, a corporação escolherá, a cada ano, um tema pertinente a sua missão institucional para desenvolver ações com vista ao fortalecimento do órgão.
Edição: Narjara Carvalho