Projeto chega à segunda edição nesta quarta-feira (17/07), na Escola Estadual Sant’Ana; objetivo é incentivar o hábito da leitura entre estudantes do Ensino Médio
Foi numa viagem à Filadélfia (EUA), por meio do Programa de Desenvolvimento Profissional para Professores de Língua Inglesa (PDPI), com apoio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc-AM), em 2018, que o professor Caio Jobim teve o seu primeiro contado com o Círculo de Leitura. Esta metodologia, naquele mesmo ano, serviu de inspiração para o educador criar o projeto “Clube do Livro”, na Escola Estadual (EE) Sant’Ana, localizada na avenida André Araújo, bairro Petrópolis.
A iniciativa, que chega à segunda edição nesta quarta-feira (17/07), funciona de maneira bem simples: uma vez por semana, durante uma hora, o professor se reúne com os alunos do Ensino Médio para ler e realizar exercícios com base numa obra literária. Ao todo, o projeto trabalha com quatro livros em seu cronograma e tem o objetivo de estimular o hábito da leitura entre os estudantes.
“Nós formamos grupos, e os integrantes recebem exemplares da obra escolhida. Dentro dessas equipes, cada um possui uma função, seja ela fazer um resumo, desenho ou pesquisa da parte que foi lida do livro, por exemplo”, explicou Caio.
Em 2018, o educador realizou o “Clube do Livro” com 50 alunos da escola estadual. Na época, as obras trabalhadas foram: “O pequeno príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry; “Fernão Capelo Gaivota”, de Richard Bach; “A revolução dos bichos”, de George Orwell; e “A culpa é das estrelas”, de John Green, além do conto “O gato preto”, de Edgar Allan Poe.
“Resolvi ‘tirar’ o estudante de sala de aula para que ele tivesse tempo de se dedicar mais a esse hábito que, com o passar do tempo, tem ficado cada vez mais de lado. Tivemos um engajamento muito bom”, acrescentou o professor.
Pesquisa – Antes de dar início ao “Clube do Livro”, Caio fez uma pesquisa de campo com mais de 290 alunos da EE Sant’Ana. Por meio do questionário, o professor constatou que 47% dos entrevistados não se consideravam leitores e que 33% nunca havia comprado ou ganho um livro.
“Frases como ‘A leitura ocupa muito tempo’ e ‘Só leio porque sou obrigado(a)’ figuraram entre as mais citadas quando os estudantes foram questionados quanto ao significado da leitura para si”, ressaltou.
Na pesquisa, ainda, 58% dos participantes afirmaram ter dificuldade para ler – seja por falta de paciência e concentração, lentidão ou dificuldade de compreensão. “Embora os dados sejam alarmantes e revelem que muitos não veem a leitura como uma atividade prazerosa ou significativa, 73% dos alunos afirmaram que gostariam de ter lido mais”.
Edição – Diferentemente do projeto piloto da atividade, neste ano Caio trabalhará com obras temáticas. Mesmo guardando a sete chaves quais títulos irão compor o segundo “Clube do Livro”, ele adianta que todos os exemplares têm pontos em comum: “São obras relacionadas à cultura estrangeira e com protagonistas femininas”, revelou.
Além disso, ao contrário dos 50 alunos contemplados na estreia do projeto, agora o professor trabalhará com 35 participantes. “Ao final de cada livro, deveremos realizar ainda alguma ação referente ao tema abordado. Após o término de ‘A culpa é das estrelas’, por exemplo, fizemos uma palestra sobre câncer”, completou.
Doação – Para conseguir as obras que compõem o acervo do “Clube do Livro”, o professor se apoia principalmente em doações. Nesta semana, ele criou uma vaquinha online para conseguir comprar exemplares em número suficiente para todos os estudantes. A página seguirá aberta até o mês de novembro e tem como meta arrecadar, pelo menos, R$ 2,5 mil.
“Como são muitos alunos, é difícil conseguir o número certo de obras”, reforçou. Quem tiver interesse em colaborar com o projeto é só acessar o link: http://bit.ly/30AULdP.
Incentivo – Caio espera, com a iniciativa, inspirar outros colegas de profissão a fazerem o mesmo. Ano passado, ele trabalhou a ideia em uma universidade particular de Manaus, e os resultados foram bastante positivos.
“Inclusive, os livros que conseguimos para a atividade [no ano passado] estão disponíveis em nossa escola e podem ser emprestados sem problema algum”, finalizou.