16:12 – 19/12/2019
Criado no ano de 1976, o Centro de Formação Profissional Padre José Anchieta (Cepan) completa, nesta quinta-feira (19/12), 43 anos de contribuição à educação do Amazonas e traz, em sua trajetória, o desenvolvimento da política de formação inicial e continuada de profissionais da área de Educação em uma época em que as questões geográficas eram ainda mais complexas.
Seu principal objetivo é aprimorar tais formações para todos os docentes e não docentes que atuam na rede estadual de ensino, na perspectiva de uma atualização permanente e a fim de qualificá-los para o exercício das práticas educativas em suas diferentes dimensões (política, pedagógica e administrativa) e segmentos do ensino da educação básica, pautada no domínio das competências e habilidades definidas nas diretrizes curriculares.
Sua abrangência de atuação é definida, estrategicamente, nos níveis de Educação Infantil, Educação de Jovens e Adultos, Ensino Fundamental e Médio.
Desde sua criação até o ano de 1998, o Cepan teve a professora Euclídia Grana Ehm Filha como gestora. Ao longo desses 24 anos, o Centro se tornou referência a docentes que buscavam, na capital amazonense, a possibilidade de aprimorar seus estudos. Um de seus carros chefes foi a capacitação de professores da zona rural, habilitando-os em nível de 2º grau para o exercício do magistério de 1ª à 4ª série e 4º ano adicional, de 1ª à 6ª série do ensino fundamental, nas áreas de Comunicação e Expressão, Ciências e Matemática, Estudos Sociais, Pré-Escolar, Educação Física, Educação Especial, Alfabetização e Educação Artística.
Hoje, aos 83 anos, a professora Euclídia lembra com carinho dos anos que comandou o Centro. “Naquela época, não existia o ensino médio. Com isso, nós passamos a desenvolver as ações de formação de professores através de parceria formada com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). O curso que nós dávamos era intensivo e com duração de dez meses, ou seja, nós nos tornamos internos do Centro”, conta.
Além da formação, a gestão de Euclídia Filha ficou marcada, ainda, pela implementação do Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (PRORURAL) e o projeto “Luz do Saber” (barco-escola), visando, também, ações que buscavam levar a educação a lugares mais distantes.
Anos 2000 – Já no período de 1998 a 2008, estiveram gestoras do Cepan as professoras Stela Brito Cirino, Mariluce Santiago Souza, Glória Nogueira, Terezinha Leite Rubim, Regina Marieta Teixeira Chagas e a saudosa Cecília Ferreira da Silva.
Uma das diretoras desse período, a professora Regina Marieta Teixeira Chagas teve seu ciclo marcado pelo início da democratização da Internet, sendo possível, assim, iniciar a formação de professores especialistas em Informática na Educação – o que resultou na criação da Gerência de Educação a Distância (Gead).
“Nós realizamos o acompanhamento de professores por meio do Programa Especial de Formação Docente (PEFD) e ao Programa de Formação e Valorização de Profissionais da Educação (PROFORMAR), com a oferta de cursos de licenciatura para educadores da rede estadual de ensino, na capital e interior, e plenificação em História e Letras, ministrados em convênio com a Ufam. Além disso, desenvolvemos a formação continuada na área de Informática na Educação para professores da capital e interior, visando a utilização do laboratório de Informática por professores e alunos”, revela.
Ainda conforme Chagas, a partir de 2005, o Cepan estruturou o projeto de Formação Continuada para docentes e não docentes da rede pública de ensino, tendo como base um diagnóstico da realidade dos municípios que apontavam, na época, a existência de um percentual elevado de professores no Amazonas que se encontravam sem a devida formação.
“Foi nesta época que a Secretaria de Estado de Educação e Desporto firmou parcerias com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que, através do Cepan, oferecerem cursos de Formação Continuada em serviço para gestores escolares (Progestão) e, em seguida, disponibilizou disciplinas complementares ao currículo, certificando-o como curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Escolar e realizando, assim, a formação de mais de 5 mil professores”, relatou.
Já na última década, foi implantado o Plano Nacional de Formação de Professores (Parfor), que buscou inserir a política estadual de formação de professores nos 61 municípios do Amazonas e em Manaus.
Em 2018, foram oferecidos três cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu e dois de Pós-Graduação Lato Sensu, com oferta total de 4.294 vagas – sendo 94 destinadas ao mestrado e 4.200 para especialização.
Além disso, houve a implementação de educação à distância através do Ambiente Virtual de Aprendizagem (Ava), como conta a gestora Adriana Moreno. “Nós lutamos muito para que o Ava fosse implementado e possibilitasse a formação de professores, visto que, de acordo com a nossa realidade geográfica, é importante democratizar esse conhecimento aos professores. Ele [o Ava] permite que esta formação seja feita com qualidade, igualdade e equidade para professores e servidores”, completou.
O Cepan oferece quatro cursos em três programas de Qualificação Profissional de Docentes, no interior e na capital. Essas formações, ofertadas pelo Ava, proporcionaram a qualificação para o uso de ferramentas tecnológicas e inclusão educacional, favorecendo o desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras.
Perspectivas para 2020 – No próximo ano, o Cepan, em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), vai especializar profissionais do capital e do interior em Alfabetização e Letramento Digital, línguas Inglesa e Espanhola, Educação Física, Gestão de Currículo e Práticas Educacionais e Gestão de Currículo e Práticas Educacionais. Ao todo, serão contemplados cerca 8.100 professores.
A atual diretora do Cepan, Ana Lucena, afirma que, além de permanecer potencializando as parcerias, a instituição busca, ainda, priorizar a BNCC (Base Nacional Comum Curricular). “A mudança deve ocorrer estruturalmente e, por isso, nós nos sentimos desafiados em oferecer uma formação com ancoragem na BNCC. Tanto as especializações que temos programadas e as formações continuadas devem vislumbrar todas essas transformações que estão chegando em âmbito nacional”, destacou.
Conforme Lucena, a mudança vem com impacto para alunos e gestores. “Nosso objetivo é alcançar, também, os gestores, visto que a BNCC deve ser o ponto de partida que ocorrerá no Novo Ensino Médio e, assim, atinge gestores, professores e alunos”, disse.
Fotos: Cleudilon Passarinho
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