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Caps de cidade do DF agrega teatro e dança ao tratamento de pacientes

08/09/2019
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Em uma parede, o recado é dado de forma bastante cristalina a quem chega: “A arte é um cavaleiro que anda com seu cavalo sobre as nuvens. Criar para sair do marasmo, de casa, da rotina”. É dessa maneira, bem pronunciada, que se apresentam 22 pacientes do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) 2, localizado no Paranoá, a 20 quilômetros do centro de Brasília. Eles formam o coletivo Atravessa a Porta, que agrega teatro, performance e dança ao tratamento composto por técnicas tradicionais de saúde mental.

A reportagem da Agência Brasil chegou ao Caps 2, quando preparavam a kombi para ir ao local de gravação da nova cena. Dessa vez, as tomadas de filmagem eram do projeto Capsianos, que conta a história de um grupo de humanos dotados de hipersensibilidade.

Na trama, eles são banidos da Terra e exilados para outro planeta, chamado Caps. Cem anos depois, acabam sendo convocados para retornar e ajudar a restabelecer a harmonia do território de origem, usando seus superpoderes na Revolução da Sensibilidade.

Conforme explica a psicóloga Amanda Mota, que coordena as atividades, tudo ali é realizado de modo comunitário, inclusive as decisões sobre as narrativas, já que têm o poder de redefinir como os pacientes se percebem e se mostram para o mundo.

As atividades da companhia tiveram início em 2012, por iniciativa da profissional, quando ainda não fazia parte do quadro de funcionários da unidade. Na época, frequentava o local para desenvolver sua pesquisa de mestrado, pela Universidade de Brasília (UnB).

“É o que a gente chama de Clínica Ampliada, que desloca o tratamento da doença para a existência. Esse serviço de saúde mental está dentro desse paradigma [concebido com a luta antimanicomial e a reforma psiquiátrica] e ele funciona de maneira aberta. As pessoas têm liberdade de ir e vir, e esse dispositivo das oficinas está muito presente nos Caps”, disse Amanda.

Para a psicóloga, o propósito é que o cuidado em saúde mental potencialize a criação cultural e vice-versa. A especialista sublinha que, apesar do contexto em torno dos transtornos mentais, a subjetividade continua sendo um componente do processo artístico. “As pessoas se sentem parte de alguma coisa que está sendo criada junto. Isso move, tem efeito e, acredito, favorece a integração psíquica”, afirma.

“O projeto não é só um apoio ao tratamento. É também uma contribuição pra cultura, porque a gente acredita que essas pessoas que frequentam o serviço de saúde mental têm muito o que falar. Não só sobre elas, mas sobre o mundo. E elas têm muito a contribuir pra cultura. Uma cultura de diversidade, antimanicomial, uma cultura rica, interessante. Acho que têm uma sensibilidade artística especial. É muito bom trabalhar com elas, pois têm muita facilidade de entrar nos processos de criação”, acrescenta.

Autoestima e autonomia

Para Mariane Ribeiro, de 44 anos, uma das integrantes do coletivo, a iniciativa é uma das confirmações de que o modelo de atendimento das unidades do Caps amplia os benefícios aos pacientes. Segundo ela, o diferencial está em não restringir o tratamento ao acompanhamento psiquiátrico e, por conseguinte, à prescrição de medicação.

Usuária do sistema do Caps ao longo dos últimos 20 anos, em diferentes cidades, Mariane comenta que a maior proximidade com a equipe de profissionais permite que a relação tenha como pilar uma abordagem mais humanitária e inclusiva. O maior ganho, diz, é a oportunidade de “resgatar a autonomia, talentos e coisas que não sabia que tinha ou que sabe que tem mas que não explora mais”, em razão do estigma contra pessoas com transtornos mentais.

Involuntariamente, a declaração lembra a trajetória de Yayoi Kusama, artista plástica e escritora japonesa que provou que, mesmo após um diagnóstico de transtorno mental, se pode exibir uma fecunda produção. Atualmente com 90 anos de idade, ela é considerada a artista mulher mais vendida no mundo.

“A gente acaba acreditando que não consegue desenvolver as nossas responsabilidades e o Caps traz isso de volta”, disse Mariane. “A cada passo que a gente dá aqui dentro, firma os passos lá fora, a voz lá fora. A nossa fala passa a ter mais valor. As pessoas que não acreditam na gente podem até continuar não acreditando na gente, mas a gente já não valoriza tanto aquele apontamento”, acrescentou.

Comprovando sua condição de brincante e artista, ela argumenta ainda que grande parte dos transtornos mentais acomete pessoas devido ao fato de a sociedade subtrair delas “suas magias e contribuições mais importantes”.

“Eu sempre acreditei que a escuta era a base de todas relações, tanto entre humanos como entre nós e os animais, nós e as plantas”, destaca. Para Mariane, os problemas de saúde mental, física e espiritual é resultado dessa falta de comunicação. “A gente está numa sociedade em que, há séculos, talvez há milênios, o topo da pirâmide ensina e pede pros soldados dizimarem a fala, a escuta, o coletivo, pra que continue reinando. Porque, se o coletivo percebe o que está acontecendo, não vai existir o comando, esse tipo de comando”, disse.

O poder da palavra e da troca afetiva

Como Mariane, a jovem Darlly Priscila, de 34 anos, foi submetida a internações, todas involuntárias. “Isso [a atividade do coletivo] tem me trazido mais estabilidade emocional e autocontrole e tem acrescentado muito à minha vida. Porque aqui era um lugar que eu considerava de apoio, de segurança e meu porto seguro na sociedade”, disse, em referência aos períodos de recuperação após as internações, que chegaram a durar quatro meses.

“Porque as pessoas como nós, que estão aqui, nem sempre estão seguras na sociedade. Tem gente aqui que leva surra no meio da rua, é apontada como louca. Mas, no fim das contas, eu acreditei no meu valor, na minha pessoa”, ressalta.

Ao ser questionada sobre a possibilidade de ter tido um sentimento de revolta, pela forma como foi tratada nas ocasiões em que foi internada, Darlly é conclusiva: “Tinha, porque, a cada entrada minha naqueles lugares, era o seguinte: eu voltava mais retraída, pra baixo, com medo e calada. Não falava com ninguém. Eu era do Caps, mas, quando eu voltava da internação, eu voltava totalmente diferente. Como é que eu ia confiar nas pessoas, se, a cada vez que eu ia, eu era amarrada, amordaçada, xingada, batida e humilhada, jogada num canto e esquecida?”

O tom de gratidão pela equipe do Caps é retomado quando finaliza sua fala e abre um sorriso. “As coisas têm sido muito melhores. Ás vezes, a gente está na intensiva, que é o momento em que fica fazendo todas as atividades. Eu passava o dia inteiro aqui, nos momentos de crise, e ficava me esforçando pra que a crise não chegasse ao ponto de ter que ser internada. Ficava e trabalhava tudo que eu precisava trabalhar. E, quando as pessoas perguntam o que eu faço, eu digo: eu trabalho aqui. Porque é uma relação em que todo mundo que trabalha aqui se torna, muitas vezes, amigo do paciente.”

De acordo com o Ministério da Saúde, o orçamento previsto para a saúde mental, neste ano, ficou em torno de R$ 1,6 bilhão. A assessoria de imprensa da pasta informou à Agência Brasil que, em relação ao ano passado, houve um incremento de R$ 153 milhões para as ações da Rede de Atenção Psicossocial (Raps), que contempla as 2.589 unidades do Caps distribuídas pelo país.

Edição: Aécio Amado

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