Tricolor baiano tem sua melhor campanha na história dos pontos corridos e busca nova participação no torneio continental
Mais um, mais um Bahia… Há muito tempo, o hino do Esquadrão de Aço não ecoa numa partida de Taça Libertadores da América. Mas a torcida do Tricolor tem muitos motivos para acreditar que essa ausência tem data marcada para terminar: 2020.
A última vez que o Bahia participou da Libertadores foi em 1989, após conquistar o título do Brasileirão do ano seguinte. Três décadas depois, o Esquadrão pode voltar a jogar a competição. Com o empate diante do Fortaleza, na Fonte Nova, o Bahia chegou a 31 pontos. Na sétima posição, encerrou seu melhor primeiro turno na história dos pontos corridos.
Se a luta pelo título ainda parece um pouco distante (11 pontos atrás do líder Flamengo), o Esquadrão está, definitivamente, na briga por uma das vagas na próxima Libertadores. A princípio, são seis, mas podem ser até nove, dependendo dos campeões da Copa do Brasil, da Sul-Americana e da própria Libertadores.
No momento, a distância do Tricolor para o G-6 é de um ponto. Um triunfo neste domingo poderia ter colocado o clube na zona de classificação. Comandante do Bahia nesta arrancada, o técnico Roger Machado reconhece a boa fase do clube, mas pede pés no chão ao analisar a temporada:
– O clube projeta alguns cenários importantes. O primeiro é a manutenção na primeira divisão do Brasileiro. A pontuação que temos hoje nos coloca num patamar importante e a gente ganha o direito de sonhar com outros objetivos. O que não queremos é uma excessiva expectativa, que se não se concretizar, passem a imaginar era a principal meta do clube. Nosso objetivo é fazer um grande Campeonato Brasileiro. Se isso nos permitir jogar a Libertadores, ficaremos muito felizes. O Bahia é merecedor por tudo que tem feito dentro e fora de campo.
Torcida do Bahia tem feito belos espetáculos na Fonte Nova
Créditos: Malcon Robert/AGIF
A equipe vive um momento mágico desde a parada para a Copa América. A última derrota foi na partida seguinte à paralisação. Desde então, foram nove jogos, com cinco triunfos e quatro empates. O bom momento tem muito a ver com o trabalho do técnico Roger Machado, que caiu nas graças da torcida tricolor. Mesmo assim, ele ouve uma cobrança ou outra quando sai pelas ruas de Salvador.
– Tem sido muito saudável e agradável (a relação com a torcida). Tem a cobrança natural do torcedor, que vê o time bem e almeja conquistas maiores. Mas, além do resultado do jogo, é a forma como o time vem se comportando, o torcedor se identifica. Por isso que ele vai ao estádio, aplaudiu até . É a forma como temos jogado e encarado nossos adversários que tem deixado nosso torcedor tão orgulhoso – destacou Roger.
Se o Bahia hoje pode lutar por uma vaga na Libertadores, muito se deve também pelo trabalho realizado fora das quatro linhas. No começo do ano, a mensagem interna no clube era de que havia chegado o momento de subir um degrau, de dar um próximo passo. Essa nova etapa pode ser, justamente, uma vaga para a competição continental.
O presidente Guilherme Bellintani sabe das dificuldades que o Bahia precisa superar para alcançar este objetivo. Mas não deixa de acreditar na capacidade do clube em momento algum. Em entrevista ao portal A Tarde, Bellintani foi poético ao falar das aspirações do Bahia.
– Tem um poema de Fernando Pessoa que diz que ‘Tudo isso que é tanto, ainda é pouco para o que eu quero’. É um desafio que o Bahia tem de crescer muito mais. A torcida merece um Bahia ainda maior – citou.
E a torcida parece saber concordar com o presidente. A chance de disputar a Libertadores anima toda uma geração de torcedores do Bahia. É o caso de Rafael Freire, de 25 anos. Ao longo de sua relação com o clube, o psicólogo soteropolitano chegou a acompanhar o Tricolor na Série C. Não é por menos que ele está tão empolgado com a fase atual do time.
– Para quem, há não muito tempo, batalhava na Série C, voltar a jogar bem na elite é gratificante. Já passamos por muita coisa, o desastre da queda da Fonte Nova, goleadas históricas para o rival. Mas o Bahia, depois da intervenção democrática da nossa torcida, vem crescendo dentro e fora de campo. O gostoso de voltar a sonhar com Libertadores é que esse time, do jeito que foi montado, gerido e com a cultura que desenvolveu em toda a organização, faz parecer possível e provável. O Bahia de hoje sabe o poder da torcida, da região. Esse time só traz orgulho para a gente – disse o psicólogo.
Não dá para saber se a próxima edição da Taça Libertadores da América terá a presença do Bahia. Em 19 rodadas de Campeonato Brasileiro, quase tudo pode acontecer. Independente da vaga, esse segundo turno tem tudo para ser muito emocionante para o Tricolor.